A Lei seca, em vigor
4 Estava eu de uma grimpa
vendo a caça por extenso,
não a fez limpa Lourenço,
e só a porca a fez limpa:
porque como tudo alimpa
de cães, e toda a mais gente,
Lourenço intrepidamente
se pôs, e ao primeiro emborco
mão por mão aos pés do porco
veio a cair sujamente.
5 Tanto que a fera investiu,
tentado de valentão
armou-se-lhe a tentação,
e na tentação caiu:
a espada também se viu
cair na estrada, ou na rua,
e foi sentença comua,
que nesta tragédia rara
a espada se envergonhara
de ver-se entre os homens nua.
6 Lourenço ficou mamado,
e inda não tem decidido
se está pior por ferido
da porca, se por beijado:
má porca te beije — é fado
muito mau de se passar,
e quem tal lhe foi rogar,
foi com traça tão sutil,
que a porca entre Adônis mil
só Lourenço quis beijar.
Mamado, bêbado ou até trêbado fica mesmo quem enche a cara de cachaça. A marvada, a água-que-passarinho-não-bebe, a pinga, a cachaça… a bebida que tem mais nomes que o Cão é nacionalmente conhecida e apreciada. Hoje, até mais: uma iguaria exportada e muito bem recebida. Já foi homenageada com músicas – talvez a mais curiosa seja a Pinga ni mim, de Teodoro e Sampaio – em que não se pode deixar de notar um ambigüidade bem engraçada. Aquela bebida “de muitos nomes” tem alguns apelidos bem curiosos: ana, uca, gole, bafo, quente, caninha, branquinha, leite-de-cana, suco-de-cana, perseguida, anjinho, mel, água, pura, goro, cobertor de pobre, aquela que matou o guarda, trinca, aguardente, mardita, tome-juízo, girgolina ou, simplesmente, “uma”.
A origem do nome “pinga” vem do tempo dos engenhos. Era a bebida que pingava do caldo das canas. Fermentada, pingava dos alambiques gotejando bem amarela. Cachaça, por outro lado, é um problema. Há quem diga que a expressão vem de cacho, de frutas, algo que em
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